quinta-feira, 30 de setembro de 2010

encontrei um poema perdido numa noite de domingo
entretando
ventava muito



*beatles - blackbird*
almost on tears

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Pílula d'Anna

e só nessa hora que você se parece com aquele sonho que eu tive
só quando você dorme
quando resmunga sob as toneladas dos braços de Orfeu

é só quando não vejo o branco insistente dos seus olhos
quando não ouço o seco arfar de seu pulmão
corrompido pela fumaça de dez mil cigarros

quando vejo suas pálpebras trêmulas
entre sonhos de um futuro de incertezas
sei que você sonha com a morte
sei que ela te visita nas manhãs torpes
em que você dorme resmungando absurdos
bêbado como uma mula

é só quando você se deita
com a cueca estropiada sempre fora do lugar
com aquele jeito canastrão
que me ganhou no começo

quando te vejo adormecido
semi-desmaiado
fedendo a vodka e uísque barato
que me lembro de nossos melhores dias
e ainda não sou feliz
mas, nesse mundo,
quem é?

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

ela me lembra os dezesseis
quando eu era sonho e ilusão
hoje sou um pouco menos
e fumo um pouco mais

ela desliza suave
enquanto eu ando arrastado
a coluna meio torta de tanto dormir sentado
em pontos de ônibus
bancos de praça
cadeiras de bares

ela ainda tem meu antigo olhar
de quem espera pacientemente por dias melhores
ainda sonha
ela ainda não sabe de onde virá a encrenca

eu ouço Tom Waits como uma ansiedadde filha da puta
e arranho as paredes
bebendo Tokay
em busca de fuga

ela dorme serena
enquanto amaldiçôo meus fantasmas
e ainda me pregunto
como o velho Buk
"Meu Deus, até quando?"

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

eu vingo o fosso falso que há em mim
vomito elogios
trago na alma a cicatriz
de poeta
de bêbado
marginal

trago em mim a essênscia Niilista
ao mesmo tempo que amo
finjo
minha alma é um labirinto de bares
sebos
puteiros e velhas casas abandonadas

ao mesmo tempo que te amo
minto
e ainda sou mais original
que as canções do rádio em um domingo

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

ela se virou
eu ri
armou o soco
e acertou em cheio

o fosso profundo do meu rosto
sorriu
cheia de malícia

e disse outra vez
em bom filhadaputez:
te amo, mas ainda assim...


(comentem, se ainda tem alguém ai)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

de regurgitações poéticas caí em devaneios. olhei a moça na calçada e senti asco. amor. vi passarem por minha janela setenta e duas putas e em vez de qualquer coisa me puz a chorar. a malandragem anda me soando meio triste com seus sambas. pedi uma cerveja e cotinuei. ela veio andando selvagem. com meia garrafa de gim. batom vermelhobrega. unhas postiças e aquela cara de vagabunda. asco. amor. novamente. sentada no meu colo rebola o rabo docemente e finge que gosta. meu pau duro quase furando a calça. olhando em volta peço a saideira, um conhaque, me recomponho, me levanto e vou embora. ela fica. com a mesma cara de puta. como uma cadela abandonada. volto a regurgitar. e a devanear.