sábado, 26 de março de 2011

primeiro vem o cheiro de merda. em seguida a mesma sensação de enjôo. de nojo. vertigem. o suicídio é uma saída possível. não. talvez pensar em morte tenha se tornado ridiculo demais pra alguém como eu. ainda penso na morte como uma lady sedutora. mas, pacientemente, como um cowboy antes de sacar, deixo ela de lado, me acompanhando como um papagaio de pirata. acendo um cigarro para acalmar as coisas e olho com uma indiferença miserável tudo que me cerca. não tenho colhões pra mandar tudo à merda então tento remanejar as coisas pra torná-las menos insuportáveis. vejo homens ignorantes caminhando com seus sorrisos satisfeitos e sinto um pouco de inveja. só um pouco. tempo suficiente pra pedir outra dose. a sensação de enjôo volta a cada gole. mas a vida não tem botão de reset. quem disse que tinha. aumento o volume. Tom Waits ainda consegue fazer milagres.



*Tom Waits - Hold On*

sexta-feira, 25 de março de 2011

não que deva fazer alguma difernça. fico sentado aqui assistindo californication, vendo a vida de um escritor desabando ao seu redor. vendo um homem com culhão enfrentando aquelas porras todas com um sarcasmo filha-da-puta e sabendo na verdade onde tudo aquilo quer chegar. não vou contar o que eles querem dizer. não há meio de dizer isso. posso dizer que às vezes sinto uma dor desgraçada e sei exatamente o que aquilo significa. isso basta.
escrever nunca foi uma benção para mim. escrever não é um deleite para mim. não é uma responsabilidade, nem um vício. escrever é como sair da água. depois de um mergulho que durou dias. e sentir o ar entrar rasgando por meus pulmões. escrever não é uma maldição. é só algo que preciso fazer.
mas, como eu disse, não que deva fazer alguma diferença.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Blues Número 1

Por Luiz Fantini e Fathead Mateus,
numa noite de muita cerveja!



Ela me mandou pra fora
e matou o meu gato
Me mandou pra encruzilhada
e fim de papo

Ela me deixou na mão
mas eu roubei sua calcinha
É uma grande puta sem vergonha
mas é toda minha

Eu estou tão cansado baby
tão cansado desse blues
mais uma dose é o meu bordão
no nosso quarto não tem perdão

Sei que te amo baby
mas não sou seu escravo
"O beijo amigo é
a vespera do escarro"

Levo uma vida bandida baby
e bebo como uma mula
Seu corpo me enlouquece baby
mas não saio das ruas

Me desculpe meu amor
vivo o Blues a cada dia
Nas quebradas da vida
com você e a boemia



ps. a citação é do Augusto dos Anjos