quinta-feira, 26 de agosto de 2010

"Número 23"

nunca liguei pra esse papo de aniversário. sempre foi apenas uma desculpa pra encher a cara. mas esse ano foi um pouco diferente. só um pouco. me sinto feliz por completar vinte e três anos de vida. me sinto como um velho. e isso não é necessariamente ruim. vejo as coisas como um velho, no topo de uma montanha, olhando pra baixo com serenidade. essa é a palavra. SERENIDADE. paz. não é felicidade que eu não sou louco de acreditar em uma coisa dessas. é paz. olho pra trás. para as coisas que eu vi e vivi. muita loucura pra um jovem de 23 anos. a morte bateu em minha porta. duas vezes. e eu, chapado, ri da cara dela. estupidez. a morte não brinca em serviço. e se eu escapei até agora é porque alguém lá em cima deve gostar de mim. amém. meus fantasmas ainda são os mesmos. as tentações são violentas. as incertezas. mas hoje, quando eles vêm em noites quentes, tenho a manhã de rejeitar o uísque. só acendo um cigarro e tento negociar. nunca fugi do pau, e sei que mais cedo ou mais tarde eles vão me intimar e teremos que acertar nossas contas. até lá, eu espero sentado, olhando minha mulher estudando com nosso filho no colo. sereno. em paz. quase feliz. quase.


*Stones - Angie*

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